Sobre Ignaz von Dollinger

Ignaz Von Dollinger

A ignorância seletiva acerca de Ignaz von Dollinger

Há algum tempo tenho me deparado com revisionistas católicos que são extremamente tendenciosos quanto aquilo que lhes convém citar e por demais ignorantes seletivos quanto aquilo que os desabona de suas afirmações.

Em um de meus artigos refutando o Fernando Nascimento, recebi como resposta não uma refutação, mas uma patética falácia genética que por sinal merece ser devidamente refutada. Trata-se de Ignaz Von Dollinger a quem o Fernando alega que nunca foi “historiador católico” e muito menos “respeitado”.

Em resposta contra essa ignorância, passo a refutar mais uma vez ao Fernando Nascimento.

Quem foi e o que fez Ignaz von Dollinger

Dollinger foi a maior autoridade em assuntos históricos eclesiásticos no século 19. Extremamente católico romano e anti-protestante que por quase 50 anos lecionou em universidades alemãs. Rompeu com Roma, devido o Dogma da Infalibilidade Papal e foi excomungado após não reconhecer que as pretensões papistas tinham validade histórica. Refutou todas as alegações do Concilio reunido para proclamar a heresia e publicou um livro intitulado O Papa e o Concilio, com suas exposições, sob o pseudônimo Janus, pois temia ser perseguido.

Quando o livro chegou as autoridades católicas, a própria Enciclopédia Católica reconhece que devido ao preciso conhecimento em história eclesiástica, o livro só poderia ter sido escrito por um autor... Ignaz Von Dollinger. Isso porque  o alemão Johannes Joseph Ignaz von Dollinger (1799-1890) tinha uma reputação estabelecida e notória, era teólogo e historiador eclesiástico que começou a ensinar a história da igreja, em 1825 e em 1827 aceitou a cadeira de História da Igreja na Universidade de Munique e foi professor de História da Igreja e do direito eclesiástico, cargo que ocupou até 1872. 

Ele também foi chefe bibliotecário da universidade e membro da Academia de Ciências. Ensinou a história da igreja como um católico romano por 47 anos, sendo o principal historiador romano católico do século 19.

A falácia romanista

Sobre o livro escrito por Ignaz von Dollinger, toda a militância católica de fanáticos papistas apela para objeções que em nada servem de refutação a obra. De fato, o livro "O Papa e o Concilio" foi traduzido por Rui Barbosa que mais tarde, supostamente teria tecido elogios ao catolicismo, mas, inferir que daí ele teria repudiado a obra, ou que sua conversão implica contra as informações do livro, é de uma falaciosidade abismal.

Rui Barbosa traduziu o livro e o trouxe as nossas terras, mas jamais mencionou arrependimento por ter feito o trabalho. A alegação feita por apologistas católicos, de que Barbosa teria se convertido e daí invalidado o livro, é inconsistente. A única menção apontada que fazem é a frase de Rui Barbosa que diz: “Estudei todas as religiões do mundo e cheguei a seguinte conclusão: religião ou a Católica ou nenhuma.” (Livro Oriente, Carlos Mariano de M. Santos (1998-2004) artigo 5º).

Na frase não consta qualquer repudio ao livro, diz apenas que de acordo com Rui Barbosa, de todas as religiões, ou a católica ou nenhuma. É claro que em referência ao cristianismo e não ao catolicismo papal em si, que ele rejeitou por toda a sua vida. Além da frase não nos dizer muito, a fonte também não é clara. pois na referência em questão, não há nada mencionado: vejam o link, e vão até o referido artigo 5, não há nada lá (link quebrado)

A suposta argumentação muito usada pelo Fernando Nascimento, copiada do yahoo, além de ser tendenciosa, pois desconsidera diversos fatores, também não serve de refutação, pois apenas foca em um ad hominem contra o autor do livro. Vejam de onde o CaiaFarsa, e a turma do Fernando Nascimento, e outros "calangos de língua bipartida" tiraram a dita refutação: Yahoo - Livro o Papa e o Concílio de Ruy Barbosa?

Como podem ver, não há nenhuma refutação, trata-se apenas de um ataque contra o autor (ad hominem) e, qualquer pessoa honesta, sabe que ad hominem, não serve como refutação.

O Papa e o Concílio

O livro, O Papa e o Conselho de Janus, que foi publicado pela primeira vez em 1869, é um documento muito importante em relação ao dogma católico da infalibilidade papal, decretado pelo Conselho Católico Romano, do Vaticano I, em 1870. Ele foi escrito pelo mais importante e influente historiador romano católico dentro da Igreja Católica Romana do século 19, Johannes Joseph Ignaz von Dollinger (1799-1890), que ensinou a história da igreja por 47 anos. O livro é um repúdio histórico totalmente documentado contra o dogma da infalibilidade papal que não era dogma na época de Ignaz.

Em 1870, o Conselho Católico do Concílio Vaticano I passou o decreto da infalibilidade papal pelo qual se criou um novo dogma da igreja. Um dogma que os homens deveriam aceitar, sob pena de excomunhão se o rejeitassem. Todos deviam agora abraçar e submeter-se ao ensinamento de que o bispo de Roma era infalível sempre que ele falava com autoridade sobre qualquer assunto relacionado à doutrina ou moral e que os homens e mulheres são obrigados, sob pena da perda da salvação a se submeter a tal ensino.

O concilio ensinou que esse dogma tinha sido a crença e a prática da igreja antiga e que, portanto, não era um mero ensino, mas uma reafirmação da tradição e fé da igreja historicamente. No entanto, é interessante notar que na época do concilio, os principais historiadores dentro da comunhão católica romana se opuseram à doutrina baseados em fatos da história.

A Enciclopédia Católica diz:
"Mal surgiram os primeiros relatos detalhados dos procedimentos do concílio, quando Döllinger publicou em Ausburg "Allgemeine Zeitung" seus famosos "artigos de Março", reimpressos anonimamente em agosto do mesmo ano, sob o título: "Janus, der Papst, und das Konzil" . O preciso conhecimento sobre história papal aqui manifestado facilmente convenceu a maioria dos leitores que só Döllinger poderia ter escrito a obra"

Conclusão

Dollinger portanto, se opunha à doutrina da infalibilidade papal por motivos históricos. Pois é um ensinamento que não tem validação na história e na tradição da Igreja. E ele sem dúvida, para desgosto de apologistas católicos tendenciosos, era de fato um historiador católico respeitado.

Seu livro foi escrito como uma defesa histórica da supremacia do Concílio Geral. É um apelo veemente ao Concílio, à luz dos fatos da história, para não passar decretos que contradizem a verdade da história e tradição, e para não criar ou impor um dogma sobre os católicos romanos que ligaria as almas dos homens ao erro.

Decretando a infalibilidade papal como um Dogma, o Vaticano I, afirma que é necessário para a salvação que as pessoas abracem e se submetam a este ensino plenamente. Dollinger era a maior autoridade dentro do catolicismo romano em questão de história eclesiástica e sua opinião teria um peso tremendo. E por repudiar tal dogma papista, ele foi excomungado aos 72 anos de idade.

Essa é a história que vcs podem ver no livro, com farta documentação!!! A verdade que os militantes católicos não querem que você saiba!! Por isso eles não refutam o conteúdo do livro, eles apenas bufam, em atacar o autor e a nós.

Mas felizmente, como sempre, dou mais um Fim, na Farsa do Fernando Nascimento!!!

Att: Elisson Freire.


Licenciado e Pós-graduado em História. Bacharelando em Teologia. Cristão de tradição batista e acadêmico em apologética cristã...
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1 comentário

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  1. Os Concílios Ecumênicos do primeiro milênio não foram nem convocados pelo Bispo de Roma, e nem presididos pelo mesmo. Percebe-se claramente que a Igreja Romanista do segundo milênio nada tem a ver com a Igreja Católica Romana do primeiro milênio. Foi apenas a partir da transição do primeiro para o segundo milênio que os católicos romanos foram se tornando romanistas na medida em que passaram a reivindicar supremacia do Bispo de Roma, ao invés da Primazia que lhe era reconhecida, e a inventar que o Papa era o Vigário de Cristo e Supremo Pastor da Igreja.