A Igreja Ortodoxa e sua antiguidade e proeminência histórica frente aos apelos da Igreja Romana.

A Igreja Cristã Ortodoxa nasceu com Cristo e seus Apóstolos e não com Fócio no ano 858, nem com Miguel Cerulário, em 1054.
Igreja Ortodoxa


É muito comum os apologistas romanos apelarem para antiguidade da Igreja Romana como argumento de sua autenticidade. Longe de ser um argumento válido, isso não passa de uma falácia ad antiquitatem que rui diante da existência da Igreja Oriental. 

Sabendo disso muito bem, os romanistas então passam a apelar para meias verdades e descontextualizadas informações já refutadas pelos próprios cristãos ortodoxos.


Fato, é que a Igreja Cristã Ortodoxa nasceu com Cristo e seus Apóstolos e não com Fócio no ano 858, nem com Miguel Cerulário, em 1054, como equivocada e erroneamente propagam os apologistas da Igreja Romana.

Ignoram que foi na cidade de (((Antioquia))) onde os primeiros crentes em Jesus Cristo começaram a chamar-se, pela primeira vez, Cristãos, denominação que usamos até hoje (At 11.26). Logo após, a prédica cristã chegou até Roma, capital do Império Romano, onde o Apóstolo São Paulo formou a primeira comunidade cristã, constituída por várias famílias que ele enumera e saúda na sua Epístola aos Romanos, Capítulo 16. Da cidade de Roma, o Evangelho foi propagado por todo o Ocidente e outras partes do mundo.

Em primeiro lugar devemos realçar que a Igreja Ortodoxa ((((nunca se separou de nenhuma outra Igreja)))). Ela permanece em linha reta desde nosso Senhor Jesus Cristo e seus Apóstolos. Jamais se afastou, através dos séculos, da autêntica e verdadeira doutrina ensinada pelo Divino Mestre. Dela separaram-se outras Igrejas, mas ela não se afastou nunca de ninguém ou da linha recta traçada por Jesus Cristo. A Igreja Ortodoxa é una, ontem, hoje e amanhã - é sempre a mesma. Cristo assinalou-lhe o caminho a seguir, e ela observou-o e cumpriu-o sem se afastar nunca do mandato de Cristo.

Triste e doloroso acontecimento na Igreja de Cristo foi a separação das Igrejas Ortodoxa e Romana, que por mil anos permaneceram unidas. São múltiplas e complexas as causas; psicológicas, políticas, culturais, disciplinares, litúrgicas e, até dogmáticas. Todavia, é bem certo e historicamente demonstrado que a separação definitiva não se processou com o Patriarca Fócio, no século IX, nem com o Patriarca Miguel Celurário, no século XI (1054). Apesar das divergências havidas entre ambas as Igrejas, principalmente a questão do Filioque e dos Búlgaros, a unidade foi mantida. Os Patriarcas Orientais e Ocidental permaneceram em comunhão, pelo menos parcial e, mesmo em Constantinopla, as Igrejas e mosteiros latinos continuaram a existir.

A divisão foi efetuada durante vários séculos. A origem desse facto histórico teve como verdadeira causa a pretensão de Carlos Magno (século VIII - ano 792) de contrair casamento com a Princesa Irene de Bizâncio e não conseguir seu objectivo. Ressentindo-se com a recusa, atacou os orientais, atribuindo-lhes erros que não tinham, nos livros chamados Carolinos, apoiado pelos teólogos da corte de Aix-la-Chapelle. Essa atitude prejudicou profundamente a vida entre ambas as Igrejas, não obstante haver o próprio Papa desaprovado a ocorrência.

A ruptura definitiva e verdadeira produziu-se na época das Cruzadas, que foram totalmente nefastas para as relações entre as duas partes da Cristandade. Os bispos orientais foram substituídos por latinos. O golpe de graça nos vestígios de unidade que ainda existiam foi dado, principalmente, pela famosa Quarta Cruzada, em 1198. A armada veneziana, que transportava os Cruzados para a Terra Santa, desviou-se até Constantinopla, e cercou a "Cidade Guardada por Deus." Relíquias, museus, obras de arte, e tesouros bizantinos, saqueados pelos Cruzados para a Terra Santa, enriqueceram, inteiramente, todo o Ocidente. Até um patriarca veneziano, Tomás Marosini, se apossou do assento de Fócio, de acordo com o Papa Inocêncio III.

A mentalidade do século XX, mesmo no Ocidente, não pode deixar de recordar-se com profunda revolta e indignação, dos actos dos cruzados contra os fiéis da Ortodoxia neste infeliz Oriente, mormente em Constantinopla, no ano de 1204, quando lançaram o Imperador Alexe V do cume do Monte Touros, matando-o. Destituíram o Patriarca legalmente escolhido, João e, no seu lugar, colocaram um cidadão de nome Tomás Marosini. Em Antioquia, no ano de 1098, despojaram o Patriarca legítimo, João e, no seu lugar, colocaram um de nome Bernard. Em Jerusalém, compeliram o Patriarca legal, Simão, a afastar-se da Sé e substituíram-no por um chamado Dimper.

Os abusos dos cruzados devem ser considerados, no mínimo, actos de inimizade, além de violação do direito. Vieram ao Oriente, alegando a "salvação dos lugares santos das mãos dos muçulmanos árabes," mas o objectivo era bem outro. Quando passaram por Constantinopla e a ocuparam na terça-feira, 13 de abril de 1204, depois de um cerco mortífero que durou sete meses, ficaram deslumbrados com sua civilização e riquezas, atacaram os seus habitantes, assaltaram os seus museus e lojas, roubaram os seus palácios e igrejas, destruíram a nobre cidade do Bósforo e incendiaram-na, depois de praticarem actos de rapina e pilhagem, não deixando nenhum objecto de valor ou utensílio de utilidade doméstica.

Os cruzados permaneceram em Constantinopla de 1204 a 1261, quando foram obrigados a evacuá-la, no dia 15 de agosto, festa da Assunção de Nossa Senhora, pelo General Alexe Estratigopolos, sob o governo do Imperador Miguel Paleólogos, que reconquistou a Capital. Depois, os cruzados foram definitivamente aniquilados na Palestina em 1291.

O cisma estava consumado e, apesar dos desejos e dos esforços conjugados nesse sentido, não houve nenhuma possibilidade de sanar a ruptura até ao dia de hoje. A esperança de união não conseguiu converter-se em feliz realidade, como todos apelavam. Essa ânsia motivou três concílios: de Bai, Apúlia, em 1098; de Leão, em 1274; e de Florença, entre 1438 e 1439. Infelizmente, porém, não se conseguiu, em nenhum deles, a ansiada união de todos os cristãos numa única Igreja, debaixo de uma só autoridade: Cristo. Somente Deus e as orações farão possível a união de ambas as Igrejas. Todos os esforços que se realizam actualmente em todo o mundo serão em vão e condenados ao fracasso se não se apoiarem na oração e no sacrifício. 

É necessário, inicialmente, que se eliminem e desapareçam totalmente (((os ataques, as pregações condenatórias e o tratamento de hereges e cismáticos prodigalizados, abundantemente, [[[pela Igreja de Roma]]] contra a Igreja Ortodoxa))). (Após o último Concílio Ecuménico de Roma, cessaram os ataques contra a Igreja Ortodoxa e aos demais cristãos). É absolutamente imprescindível reconhecer que a Igreja Ortodoxa (((não é uma ovelha desgarrada))) que vive no erro e nas trevas. Pedimos a Deus para que as palavras de Cristo, "um só rebanho guiado por um só pastor," sejam um dia, uma feliz realidade."




Licenciado e Pós-graduado em História. Bacharelando em Teologia. Cristão de tradição batista e acadêmico em apologética cristã...
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2 comentários

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  1. Esses dois papas parecem que querem papar um ao outro. Então a questão vai continuar séculos afora... Se ambos se paparem de fato, ambos vão continuar a representar dois "papados"?
  2. Certamente que a igreja Ortodoxa precede à igreja romana em antiguidade. Isto é Histórico, só imbecis, incautos, fanáticos ou hipócritas podem negá-lo.Contudo, a igreja de Jerusalém, depois a igreja de Damasco e as igrejas da Ásia Menor precederam àquelas. Ainda assim, o verdadeiro modelo que representa a Igreja de Jesus é este: "Onde dois ou três estiverem reunidos em Meu Nome, ai estarei"... E fim de papo pois quem falou isto foi o próprio Jesus.