Codex Sinaiticus

O Codex Sinaiticus foi escrito no Século IV e tem a cópia mais completa do Novo Testamento assim como o Antigo.
Codex Sinaítico


O nome “Codex Sinaiticus” significa literalmente “O Livro do Sinai” (ou do Monte Sinai). Através da caligrafia utilizada, sob “Análise Paleográfica” (uma espécie de arqueologia da caligrafia) estima-se que foi produzido na metade do Século IV. Outro livro praticamente completo que também data da mesma época é o Codex Vaticanus, que está guardado na Biblioteca do Vaticano, em Roma.

Contudo o Codex Sinaiticus é o livro mais antigo que conseguiu resistir aos efeitos das eras que se passaram. Ele foi escrito no Século IV e tem a cópia mais completa do Novo Testamento, assim como o Antigo. Os demais documentos que são mais antigos que o Codex Sinaiticus contêm somente fragmentos de textos bíblicos e, por isso, não podem ser considerados “livros”.


Compilado em meados do século IV, o Codex Sinaiticus passou a maior parte dos últimos 1.700 anos, preservado no histórico Mosteiro de Santa Catarina no Monte Sinai (foto ao lado). O clima seco e os cuidados continuados do Mosteiro de religiosas têm ajudado a preservar inúmeras obras de arte e literatura ao longo dos séculos, e entre estes tesouros é a mais antiga conhecida Bíblia cristã completa, o Codex Sinaiticus. Copiados em grego por três ou quatro escribas, o Codex Sinaiticus foi um dos primeiros códices cristãos a ser produzido em pergaminho de pele de animais.

O Codex foi Descoberto pelo alemão Constantin von Tischendorf, em sua terceira visita ao Mosteiro Ortodoxo de Santa Catarina, no sopé do Monte Sinai (Egipto), em 1859. Nas duas primeiras viagens, ele conseguiu partes do Antigo Testamento, encontrados num cesto que continha pedaços de vários manuscritos. Tischendorf teria ouvido de um bibliotecário que aqueles manuscritos eram lixo, e que seriam queimados no forno do mosteiro. O imperador da Rússia Alexandre II o enviou para procurar os demais manuscritos, os quais ele estava convencido de que estariam no próprio mosteiro.


A história de como Tischendorf localizou o manuscrito, que continha a maioria do Antigo Testamento e todo o Novo Testamento, tem todo o drama de um romance. Tischendorf chegou no mosteiro em 31 de janeiro de 1859; mas suas buscas pareciam infrutíferas. Em 4 de fevereiro, ele tinha resolvido retornar para casa. Eis o seu próprio relato sobre sua grande descoberta:


Na tarde deste dia eu estava caminhando com o comissário de bordo do convento na vizinhança, e quando retornamos, em direção ao ocaso, ele implorou-me para que tomasse um refresco com ele nos seus aposentos. Mal entramos no lugar, quando, resumindo nosso assunto anterior de conversa, ele disse: "E eu, demais, li um Septuaginta" -- isto é, uma cópia da tradução grega do Antigo Testamento feito pelos Setenta. Depois de dizer isto, ele baixou-se e, num canto do seu quarto pegou um grande volume, embrulhado num pano vermelho, e o colocou diante de mim. Quando desenrolei o volume, para minha grande surpresa, descobri não só cópia dos mesmos fragmentos que eu havia achado quinze anos antes naquele cesto de lixo, como também outras partes do Antigo Testamento, o Novo Testamento completo, e além disto, a Epístola de Barnabé e uma parte do Pastor de Hermas.

Depois de algumas negociações, ele obteve a posse deste fragmento precioso e o enviou ao Imperador Alexandre II(foto ao lado), que logo percebeu a sua importância. O czar da Rússia enviou 9000 rublos ao mosteiro como compensação pelo manuscrito. Durante muitas décadas, foi conservado na Biblioteca Nacional da Rússia. No dia de natal de 1933, a então União Soviética vendeu o Codex à Biblioteca Britânica pela incrível soma de £100,000 (libras esterlinas).

Em maio de 1975, durante um trabalho de restauração, os monges do mosteiro de Santa Catarina descobriram um cômodo em baixo da capela de São Jorge e, neste local, uma grande quantidade de fragmentos de pergaminho. Entre estes fragmentos, foram achadas doze cópias perdidas do Antigo Testamento do Codex Sinaiticus.


Através de um esforço cooperativo entre as quatro instituições que detém partes de folhas do manuscrito de hoje, os pesquisadores criaram o projeto Codex Sinaiticus, digitalizando o conteúdo do livro e o tornando acessível através de um site de alta qualidade. O site oferece uma gama completa para o público com a oportunidade de ver e estudar este livro impressionante e histórico. As folhas são visíveis sob uma luz padrão ou uma luz raking que traz os detalhes da página. A transcrição que acompanha a imagem da tela permite ao espectador ler palavras que são difíceis de entender. Ao todo, é uma visão fascinante da ciência da bibliologia e um raro olhar para um dos volumes mais antigos da história.


A IMPORTÂNCIA DO CODEX SINAITICO

O Codex Sinaiticus é uma das testemunhas mais importantes para o texto grego da Septuaginta (o Antigo Testamento na versão que foi adotada pelos primeiros cristãos de língua grega) e do Novo Testamento cristão. Nenhum outro manuscrito no início da Bíblia cristã tem sido tão amplamente usado para correções.

Um olhar sobre a transcrição irá mostrar o quão comum são estas correções. Elas são especialmente frequentes na Septuaginta. Elas variam em data daquelas feitas pelos escribas originais do século IV para aquelas feitas no século XII. Estas vão desde a alteração de uma única letra para a inserção de frases completas.

Um objetivo importante do Projeto Codex Sinaitico é proporcionar uma melhor compreensão do texto do Codex e das correções posteriores. Isto não só irá ajudar-nos a compreender melhor este manuscrito, mas também nos dará insights sobre a forma como os textos da Bíblia foram copiados, lidos e usados.

Em meados do século IV, houve amplo, mas não completo acordo sobre quais livros deveriam ser considerados autoritários para as comunidades cristãs. O Códice Sinaiticus, é um dos dois primeiros conjuntos de tais livros sendo essencial para a compreensão do conteúdo e o arranjo da Bíblia, bem como as utilizações da mesma.

A Septuaginta grega no Codex inclui livros que não são encontrados na Bíblia hebraica e consideradas na tradição protestante como apócrifos, como 2 Esdras, Tobias, Judite, 1 e 4 Macabeus, Sabedoria e Sirach. Anexado ao Novo Testamento estão a Epístola de Barnabé e 'O Pastor "de Hermas.

A sequência idiossincrática de livros também é notável: dentro do Novo Testamento, a Carta aos Hebreus é colocada depois da Segunda Carta de Paulo aos Tessalonicenses, e os Atos dos Apóstolos entre a Pastoral e Epístolas Universais. O conteúdo e a organização dos livros no Codex Sinaiticus lança luz sobre a história da construção da Bíblia cristã.

A capacidade de colocar esses livros canônicos em um único códice próprio influenciou o modo como os cristãos pensavam sobre os seus livros, e esta é diretamente dependente dos avanços tecnológicos vistos no Codex Sinaiticus. A qualidade do seu pergaminho e da estrutura avançada de ligação que teria sido necessária para apoiar mais de 730 folhas de grande formato, fazem do Codex Sinaiticus um exemplo notável de fabricação de livro, também tornou possível o conceito de uma 'Bíblia'. O planejamento cuidadoso, escrita hábil e controle editorial necessário para um projeto tão ambicioso nos dá uma visão valiosa sobre a produção de livros na era cristã primitiva.

PRESERVAÇÃO ATUAL DO CODEX SINAITICUS

Quatro instituições hoje conservam partes do Codex. A Biblioteca Britânica, a Biblioteca da Universidade de Leipzig, a Biblioteca Nacional da Rússia em Saint Petersburgo, e o Mosteiro ao pé do Monte Sinai (Santa Catarina). A principal parte do Codex, que compreende 347 folhas é preservada pela Biblioteca Britânica. Outras 43 folhas são mantidas na Biblioteca da Universidade de Leipzig. Partes de seis folhas ficam na Biblioteca Nacional da Rússia, em São Petersburgo e outras porções permanecem no Mosteiro de Santa Catarina.


Em 9 de março de 2005, foi assinado um Acordo de Parceria entre as quatro instituições listadas acima para a conservação, fotografia, transcrição e publicação de todas as páginas e fragmentos sobreviventes do Codex Sinaiticus.


PRODUÇÃO DO CODEX SINAITICUS

O Codex Sinaiticus foi copiado por mais de um escriba. Constantine Tischendorf identificou quatro no século XIX. Pesquisas posteriores decidiram que havia três, mas é possível que uma quarta pessoa diferente possa ser identificada. Cada um dos três escribas indiscutíveis tem uma forma distinta da escrita que pode ser identificada com a prática. Cada um também tinha um jeito distinto de soletrar muitos sons, particularmente vogais que muitas vezes escribas escrevem foneticamente. Um deles pode ter sido um copista sênior.

Para fazer o seu manuscrito, os escribas tinham que realizar uma série de tarefas. Eles tiveram que:
  • determinar um formato (existem muito poucos sobreviventes manuscritos escritos com quatro colunas de uma página);
  • dividir o trabalho entre eles;
  • preparar o pergaminho, incluindo governando-o com uma estrutura para o layout de colunas e linhas;
  • preparar os manuscritos dos quais copiavam;
  • obter canetas e tinta em conjunto;
  • escrever o texto;
  • verificá-lo;
  • montar todo o códice na ordem certa.


ACESSO AO CODEX SINAITICUS DIGITALIZADO

Para acessar o Projeto Codex Sinaítico (clique aqui)

Att: Elisson Freire

Fonte: http://www.codex-sinaiticus.net/en/


Licenciado e Pós-graduado em História. Bacharelando em Teologia. Cristão de tradição batista e acadêmico em apologética cristã...
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