Do termo Católico

O termo católico usado pelos pais da Igreja, nem de longe confere alguma primazia a igreja de Roma, como se a catolicidade fosse exclusividade dela. Uma vez que "católico" indica UNIVERSAL, a catolicidade não pode ser ROMANA(particular de Roma)


A Catolicidade da Igreja
Todos sabemos que o termo “Católico” vem do grego "katholikos" - Universal -, isto é, a igreja cristã não faz distinção de tribo língua e nação, - Ap 5:9 - na qual todas as pessoas são chamadas a tomar parte, a igreja de Cristo, nosso Senhor. Portanto a Igreja é CATÓLICA porque é UNIVERSAL, em outras palavras, está incumbida da responsabilidade e competência de anunciar e resguardar o Evangelho à toda humanidade, em todos os lugares, em todos os tempos... Essa é a síntese da aplicação do termo "católico(a)" herdado do grego "katholikus".
Em virtude das divisões e heresias que houveram durante os séculos, o termo “católico” acabou se tornando um rótulo, e por equívoco se tornou um termo diferencial entre romanistas(católicos romanos) e protestantes.
Uma das citações favoritas dos romanistas é essa de Inácio de Antioquia: "Onde está Cristo Jesus, está a Igreja Católica." (Inácio aos Erminiotas, 8:2). Só que nessa frase de Inácio, vemos o nome de “Igreja Católica”, mas não de “Igreja Católica ROMANA”. Os romanistas argumentam dizendo que a “Igreja Católica” era na época a mesma coisa que a “Igreja Romana” é hoje. Este argumento é absolutamente falho pela simples razão de que os Pais da Igreja citavam inúmeras vezes “Igreja Católica”, mas nunca “Igreja Católica Romana”! Como é que eles iriam se esquecer sempre da “principal”?

Além disso, o próprio Inácio de Antioquia, sucessor direto do apóstolo Pedro, escreve dizendo que a Igreja não foi fundada em Roma, mas em Antioquia:
“Devemos, portanto, provar a nós mesmos que merecemos o nome que recebemos (cristãos). Quem é chamado por outro nome além deste não é de Deus, pois não recebeu a profecia que nos fala a respeito disso: ‘O povo será chamado por um novo nome, pelo qual o Senhor os chamará, e serão um povo santo’. Isto se cumpriu (((primeiramente na Síria))), pois ‘os discípulos eram chamados de cristãos na Antioquia’, quando Paulo e Pedro (((estabeleciam as fundações da Igreja))). Abandonai, pois, a maldade, o passado, as influências viciadas e sereis transformados no novo instrumento da graça. Permanecei em Cristo e o estranho não obterá o domínio sobre vós”
(Inácio aos Magnésios, Versão Longa, Cap.10)

Portanto quando os cristãos do passado se referiam a Igreja Católica, não tencionavam de alguma forma citar Roma em exclusividade mas sim, falavam de toda Igreja UNIVERSAL, que jamais fora submetida á alguma autoridade eclesiastica com sede em Roma. Fora isso, a igreja conhecida hoje como Ortodoxa surgiu BEM ANTES da igreja de Roma, sendo ela mesma fundada por Pedro e Paulo, onde os Cristãos foram assim chamados pela primeira vez - At 11:26; mas segundo as alegações católicas, eles são CISMÁTICOS, ou seja, os DIVISORES. Mas, se a igreja Ortodoxa surgiu PRIMEIRO, como eles poderiam causar essa divisão??? Sendo assim, é a Igreja de Roma que permanece cismática por todo esse tempo, desde o ano 1054d.C.
Portanto, se a igreja na qual as bases da doutrina cristã foram estabelecidas pela primeira vez fora de Jerusalém era em (((Antioquia))), na SÍRIA, e portanto território ou jurisdição da Igreja ORTODOXA que é e sempre foi a igreja do oriente , os católicos romanos não tem a menor razão para reclamar para Roma, o Vaticano e os papas o título de “cátedra de Pedro” e “sucessores apostólicos” ou a UNICA IGREJA CATÓLICA.

De acordo com documentos antigos, ROMA jamais teve soberania sobre qualquer das igrejas orientais.
“O bispo de Alexandria terá jurisdição sobre o Egito, Líbia e Pentápolis; assim como o bispo romano sobre o que está sujeito a Roma. Assim, também, o bispo de Antioquia e os outros, sobre o que está sob sua jurisdição. Se alguém foi feito bispo contrariamente ao juízo do Metropolita, não se torne bispo. No caso de ser de acordo com os cânones e com o sufrágio da maioria, se três são contra, a objeção deles não terá força” (Concílio de Nicéia, Cânon VI)

Se formos considerar o argumento temporal de pedigree apostólico, ROMA está descartada pois:
“Pedro só chegou a Roma nos últimos anos da sua vida, e a sua função de bispo não passa de uma lenda. Prova disso é que seu nome não aparece nas listas mais antigas da sucessão episcopal” (Peter De Rosa, HISTORIADOR, “Vicars of Christ”)

“Com efeito, provavelmente o primeiro bispo romano, em algum sentido significativo, foi Sotero (166-174)” (Paulo Johnson, História do Cristianismo, Editora Imago, 2001, Págs 77,78)
“Não se pode considerar a comunidade Romana como fundação (((nem de Pedro nem de Paulo))), como o quer a tradição referida pela primeira vez por Irirneu.” (Adv Haer. III, 1,1; III, 2,3) “Foi antes fundada antes (((por judeus-cristãos desconhecidos)))” (Dicionário Patrístico e de Antiguidades Cristãs, edição conjunta Vozes e Paulus, 2002, pág 1076)

Agora quanto as igrejas orientais, essas eram unidas a igreja romana, por concílios ecumênicos, e nunca foram submissas a ROMA.
Portanto, o termo católico usado pelos pais da Igreja, nem de longe confere alguma primazia a igreja de Roma, como se a catolicidade fosse exclusividade dela. Uma vez que "católico" indica UNIVERSAL, a catolicidade não pode ser ROMANA(particular de Roma) já que Inácio era bispo antioquino, e portanto, jurisdição da igreja oriental como atesta o Cânon VI do Concílio Niceno no século IV. Caso a catolicidade fosse exclusividade dos romanos, o concílio realizado em Nicéia não teria pronunciado que ROMA É RESPONSÁVEL APENAS pelo o que lhe está sujeito, isto é... a propria cidade de Roma e seus suburbios.


Att: Elisson Freire
Licenciado e Pós-graduado em História. Bacharelando em Teologia. Cristão de tradição batista e acadêmico em apologética cristã...
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