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O Holocausto, nazismo e suas verdadeiras raízes.

"Resposta ao revisionismo católico militante acerca do holocausto e antissemitismo."

Holocausto


Holocausto
"Todos são culpados"

Sobre este dramático tema há de se considerar que o mundo inteiro deve carregar um pouco da culpa pelo Holocausto. A imensa falta de compaixão demonstrada por diversos governos e instituições diante de um extermínio iminente dos judeus europeus é apenas um dos inúmeros fatos que apontam para este fardo culposo e indesculpável, visto a ocorrência de tantos incidentes bem divulgados na época, sobre o envio deliberado de refugiados de volta à destruição. Portanto, fingir inocência é de fato um crime em si mesmo e obviamente toda forma de tendenciosidade seja revisionista ou negacionista deve ser devidamente evitada onde quer que se manifeste.

Não há como esquecer com o que aconteceu por exemplo com o Navio St. Louis e seus 1.128 refugiados judeu-alemães que partiram com a esperança de encontrar refúgio em vários países mas ao invés disso, foram rejeitados, porto após porto, nas Américas do Norte, Central e do Sul e forçados a atravessar o Atlântico de volta. Hunt observa que os Estados Unidos e seu presidente, Franklin D. Roosevelt, recusaram-se a recebê-los, apesar de 700 deles terem papéis válidos para entrar nos Estados Unidos. Além dos 288 aceitos pela Inglaterra, poucos dos remanescentes escaparam das fornalhas de Hitler. Em múltiplos incidentes semelhantes, pais, mães, filhos, maridos e esposas esperavam, choravam, suplicavam e morreram sem motivo. 

Um incidente típico dessas inumeráveis tragédias foi o seguinte: 

No dia 17 de agosto de 1938, cinquenta e três judeus austríacos chegaram a Helsinqui pelo mar. Foi-lhes negada permissão para desembarcar, e o barco que os trouxera foi forçado a voltar para a Alemanha. Vários passageiros tinham os documentos necessários pa­ra entrar nos Estados Unidos, e queriam apenas direitos de transitar pela Finlândia. Mas nenhuma exceção foi feita à nova regra. Uma judia grávida, que estava prestes a dar à luz, teve permissão de sair do navio e ir a um hospital, mas depois do nascimento, a mãe e o bebê tiveram que reunir-se aos outros passageiros. No ca­minho de volta à Alemanha... três dos refugiados rejeitados se joga­ram ao mar e se afogaram.
A explicação de um oficial australiano para a rejeição de seu país aos refugiados judeus foi: "Sem dúvida será compreendido que, por não termos problemas raciais, não temos o desejo de importar um."(Martim Gilbert, The Holocaust: A History of the Jews of Europe During the Second World War (Henry Holt and Company, Inc. 1985).).

À medida em que crescia o número de judeus que queriam fugir da Alemanha, as restrições contra eles também cresceram: Inglaterra, Palestina e os Estados Unidos restringiram suas regras de admissão. Quatro países sul-americanos, Argentina, Chile, Uru­guai, e México, adotaram leis que restringiam severamente o nú­mero de judeus que podiam entrar, no caso do México o máximo foi de cem por ano. Restrições de entrada foram apertadas na Austrália e na Escandinávia. Refugiados eram cruelmente enviados de volta à destruição certa, mesmo na fronteira da Suíça, base da Cruz Vermelha Internacional. Aqueles que conseguiam escapar pa­ra tais países eram pegos pela polícia suíça, holandesa ou francesa, presos, e enviados de volta pela fronteira até a Alemanha para se­rem consumidos pela eficiente máquina mortífera de Hitler.

Os poucos milhares de judeus alemães afortunados que conse­guiram emigrar antes dos regulamentos apertarem, passaram seus ansiosos primeiros meses e anos de liberdade nos Estados Unidos, Inglaterra, Austrália, México e outros países, tentando desesperadamente obter vistos para seus parentes que ainda estavam na Ale­manha. Eles se achavam lutando contra uma barreira cada vez maior de regras e restrições irracionais criadas propositalmente pa­ra impossibilitar a emigração de mais judeus. O fluxo de refugia­dos foi reduzido a um filete, deixando centenas de milhares que estavam tentando escapar de serem mandados para o leste e, final­mente, eliminados.

A noite de 9 a 10 de novembro de 1938, lembrada desde então co­mo Kristallnacht ou a "Noite dos Cristais", marcou uma intensificação aterrorizante do pogrom (ataque organizado contra uma minoria étnica, especialmente judeus) de Hitler no caminho para o extermínio planejado dos judeus. Na Alemanha, Áustria e na região dos montes Sudetos, cerca de 1.300 sinagogas foram vandalizadas (das quais cer­ca de 270 foram incendiadas ou demolidas), e cerca de 10.000 casas, negócios e escritórios pertencentes a judeus foram roubados e destruí­dos. Mais de 90 judeus foram assassinados a sangue frio, cerca de 30.000 foram presos só por sua raça e religião, e milhares desses últi­mos morreram mais tarde nos campos de extermínio.
Um relatório secreto do magistrado supremo do Partido Nazista, Walther Buch, explicava que aqueles que assassinaram judeus não podiam ser punidos porque eles simplesmente estavam seguindo ordens. Aqueles que estupravam judias, no entanto, eram "expulsos do partido e entregues aos tribunais civis" - não pelo estupro, mas por terem "violado as leis raciais de Nuremberg, que proibiam relações sexuais entre gentios e judeus".(William L. Shirer, The Rise and Fall of the Third Reich (Fawcett Publications, Inc., 1959), pp. 580-87.)

O assassinato de judeus e o saque de seus bens não podiam mais ser atribuídos a uns poucos Camisas Marrons violentos. Agora to­do o mundo tinha visto o horror de um pogrom planejado e direcio­nado pelos próprios governos. Foi, como Hitler planejou e agora sabemos, apenas o começo de uma sistemática "solução final do problema judeu" que finalmente levaria ao assassinato de mais de 6.000.000 de judeus.

  • Um povo esquecido por seu Deus?
Hoje muitos judeus pensam assim, que, ou foram esquecidos ou, Deus não existe. O trato de Hitler pra com o povo judeu, tem sido recentemente muito enfatizado pelo ateísmo militante, no sentido de desacreditar a existência de Deus, ou por outro lado, por em xeque a bondade de Deus. Mas nem um nem outro estão certos, muito longe disso, a verdade é que Deus jamais se esqueceu de seu povo escolhido, mesmo que eles O tenham esquecido.
O fato é que quando o povo judeu entrou na Terra Prometida, Deus os avisou há milhares de anos que se eles praticassem a idolatria e a imoralidade dos habitantes anteriores daquela terra, pelas quais Ele os destruíra (Deuteronômio 9.4), Ele os lançaria fora também (Deuteronômio 28.63; 1 Reis 9.7; 2 Crôni­cas 7.20; etc). Que tudo isso aconteceu exatamente como previsto é, um fato histórico irrefutável que nenhum cético pode negar. Desde a chamada de Abraão, até destruição de Jerusalém, todos as determinações divinas acerca de seu povo escolhido foram terminantemente cumpridas a risca. Outras profecias bíblicas são tão precisas, que o cumprimento delas de certa forma provam a existência de Deus, provam que a Bíblia é a Palavra de Deus, e provam que os judeus são o povo especial de Deus.
Algumas delas são:
  • 1 - Deus declarou que Seu povo seria espalhado "entre todos os povos, de uma até à outra extremidade da terra" (Deuteronômio 28.64; cf. 1 Reis 9.7; Neemias 1.8; Amós 9.9; Zacarias 7.14; etc). E assim aconteceu como a nenhum outro povo na história. Os judeus por séculos, são encontrados literalmente em todo lugar.
  • 2 - Deus avisou que em qualquer lugar em que os ju­deus vagassem, seriam objeto de "pasmo, provérbio e motejo... assobio e opróbio" (Deuteronômio 28.37; 2 Crônicas 7.20; Jeremias 29.18; 44.8; etc). Além disso os profetas declararam que esse povo espalhado não seria apenas difamado, diminuído e discriminado, mas...:
  • 3 - Os judeus seriam perseguidos e mortos como nenhum outro povo na face da terra jamais iria ou virá a ser. Mesmo assim, Deus declarou que apesar de tal perseguição e massacres periódicos de judeus em massa...:
  • 4 - Ele não deixaria Seu povo escolhido ser destruído, mas os preservaria como um grupo étnico e nacional reconhecível (Jeremias 30.11; 31.35-37; etc). 
Dave Hunt, em seu livro "Jerusalém, Um cálice de Tontear" no capitulo 6 intitulado "Profecia se torna História", também nos traz uma importante observação:

"Os judeus tinham toda razão para casamentos inter-raciais, para mudar os seus nomes e esconder a sua identidade desprezada de qualquer maneira possível a fim de escapar da perseguição. Para que preser­var sua genealogia se eles não tinham sua própria pátria, se a maio­ria deles não levava a Bíblia a sério, e se a identificação racial im­punha somente as desvantagens mais cruéis?
Abster-se de casamentos inter-raciais não fazia sentido. A absor­ção por aqueles entre os quais se encontravam pareceria inevitável, de maneira que poucos vestígios dos judeus como povo distinto de­veriam permanecer hoje, tal como não há nenhum vestígio dos des­cendentes de Ismael. Afinal, esses exilados desprezados foram es­palhados por todos os cantos do mundo durante 2500 anos, desde a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor em 587 a.C. Será que a "tradição" poderia ser tão forte sem fé real em Deus? Ou a pre­servação será algo que Deus mesmo realizou para os Seus próprios propósitos apesar da falta de fé dos judeus?"
E com todo esse passado de obstáculos, os judeus ainda são um povo identificável. O Concilio de Elvira em 306 d.C, por exemplo, tornou impossível o casamento inter-racial sem a conversão ao catolicis­mo romano. Durante séculos, sob a autoridade papal, o casamento entre um judeu e um cristão era um crime capital, impedindo o casamento inter-racial mesmo entre aqueles que o desejavam. Essa mesma ação em 15 de setembro de 1935 foi adotada pelo nazismo contra os judeus. Mas, mesmo assim, notem que com tudo isso, há o cumprimento do que Deus determinou, pois...:
  • 5 - A Bíblia afirma que Deus determinou manter Seu povo escolhi­do separado para Si (Êxodo 33.16; Levítico 20.26; etc.) mesmo os judeus terem esquecido a Deus e terem se rebelado contra Ele no passado, ainda assim:
  • 6 - Deus os traria de volta à sua terra nos últimos dias (Jeremias 30.10; 31.8-12; Ezequiel 36.24,35-38; etc.) antes da segunda vinda do Messias.
Essa profecia e promessa, tão esperada, foi cumprida no renascimento de Israel na sua Terra Prometida em 1948, quase 1900 anos depois da Diáspora final na destruição de Jerusalém em 70 d.C pelos exércitos romanos de Tito. Essa restauração de uma nação após séculos é totalmente impressionante, um fenômeno sem igual na história de qualquer outro povo e inexplicável por qualquer meio natural, muito menos pela sorte. Ainda mais impressionante são os fatos de que:

  • 7- Deus declarou que nos últimos dias antes da segunda vinda do Messias, Jerusalém se tornaria "um cálice de tontear... uma pedra pesada para todos os povos" (Za­carias 12.2-3); e:
  • 8 - Os judeus seriam "como um braseiro ardente debaixo da lenha... devorarão... a todos os povos em re­dor..." (Zacarias 12.6).
Portanto, não restam dúvidas acerca da mão poderosa de Deus agindo na história humana e demonstrando isso no trato com o seu povo escolhido. Basta conferir os noticiários na TV, no rádio, ou se conectar à internet que nos deparamos com Israel, um povo que antes perseguido e humilhado, agora se levanta como uma poderosa nação que tem se tornado uma verdadeira dor de cabeça ao mundo todo, tanto aos árabes como americanos, europeus e orientais. O mundo inteiro tem visto e sentido o peso enorme que a nação de Israel se tornou, simplesmente por existir em meio a mais de um bilhão de muçulmanos sedentos por exterminar o inimigo judeu, e seus aliados.

Numerosas profecias previram as múltiplas destruições de Jerusalém e a dispersão dos judeus aos quatro cantos da terra devido sua desobediência persistente às leis de Deus. Geração após geração, Deus enviou profetas pa­ra avisar Israel do julgamento próximo e para rogar que Seu povo se arrependesse, mas eles não o faziam. Deus jamais lidou assim com qualquer outra cidade ou povo, e certamente o que Ele tem reservado para Israel, ainda está em andamento. 

  • Um povo que esqueceu do seu Deus.
O que Israel fez pra merecer tal tratamento? 

Certamente foram avisados sobre o perigo. Algumas das advertências mais sérias e das passagens mais tristes nas Escrituras relatam o julgamento que Deus avisou que cairia sobre Jerusalém e o povo de Israel. Certamente elas oferecem lições valiosas para nós hoje. Aqui estão apenas alguns exemplos:
"Porém, se vós vos desviardes, e deixardes os meus estatutos e os meus mandamentos... então vos arrancarei da minha terra que vos dei, e esta casa[templo], que santifiquei ao meu nome, lançarei longe da minha presença e a tornarei em provérbio e motejo entre todos os povos" (2 Crônicas 7.19-20).
"Porque deixaram a minha lei, que pus perante eles, e não deram ouvidos ao que eu disse, nem andaram nela. Antes an­daram na dureza do seu coração, e seguiram os baalins [ídolos obscenos]... Espalhá-los-ei entre nações..." (Jeremias 9.13,16).

"Assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Vistes to­do o mal que fiz cair sobre Jerusalém, e sobre todas as cidades de Judá; e eis que hoje são elas uma desolação... por causa da maldade que fizeram, para me irarem, indo queimar incenso, e servir a outros deuses... Todavia, começando eu de madrugada, lhes tenho enviado os meus servos, os profetas para lhes dizer: Não façais esta cousa abominável que aborreço... Então respon­deram a Jeremias todos os homens que sabiam que suas mulhe­res queimavam incenso a outros deuses... dizendo... não te obe­deceremos a ti; antes certamente... queimaremos incenso à rai­nha dos céus, e lhe ofereceremos libações, como nós, nossos pais, nossos reis, nossos príncipes temos feito, nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém; tínhamos fartura de pão, prosperáva­mos, e não víamos mal algum" (Jeremias 44.2-4,15-17).
Idolatria explícita não era o único pecado de Israel. Ganância e egoísmo também tiveram seu papel em levar Israel a desobedecer intencionalmente aos mandamentos específicos que Deus lhe dera na época que o trouxe para a terra da promessa. Esses mandamentos en­volviam seu tratamento da terra e uns dos outros. Aqui está o que Deus havia dito:

"Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na terra, que vos dou, então a terra guardará um sábado ao Senhor. Seis anos semearás o teu campo, e seis anos podarás a tua vinha, e colherás os seus frutos. Porém no sétimo ano haverá sábado de descanso solene para a terra, um sábado ao Senhor; não semea­rás o teu campo nem podarás a tua vinha" (Levítico 25.2-4).

"Ao fim de cada sete anos farás remissão. Este, pois, é o mo­do da remissão: todo credor, que emprestou ao seu próximo al­guma coisa, remitirá o que havia emprestado; não o exigirá do seu próximo ou do seu irmão, pois a remissão do Senhor é pro­clamada... Quando um de teus irmãos, hebreu ou hebréia, te for vendido, seis anos servir-te-á, mas no sétimo o despedirás forro" (Deuteronômio 15.1,2,12).
Essas eram as ordenanças do Senhor para Israel , mas além de ter se tornado idolatra, durante 490 anos esse "po­vo escolhido", mesmo sendo tão abençoado por Deus, recusou-se egoisticamente a obedecer-Lhe na observância do repouso da terra no sétimo ano, como Ele havia ordenado. Por essa razão, Deus enviou Israel ao cativeiro na Babilônia por 70 anos, deixando o solo sem cultivo pela mesma quantidade de sábados que a terra havia perdido. Como castigo por se terem recusado a perdoar as dívidas contraídas com eles por seus irmãos, Deus tomou todas as posses de Seu povo. E porque eles se recusaram durante 490 anos a liber­tar a cada sétimo ano seus irmãos hebreus escravizados, Deus permitiu que a Babilônia os escravizasse durante 70 anos.

Por quase quinhentos anos, Deus pediu pacientemente através de seus profetas, exortando Seu povo a se arrepender, mas eles não deram ouvidos a Seus avisos: "Vos enviou o Senhor todos os seus servos, os profetas mas vós não os escutastes... [portanto] Toda esta terra virá a ser um deserto... estas nações [as 12 tribos de Israel] servirão ao rei da Babilônia setenta anos" (Jeremias 25.4,11). Apesar de Deus ser paciente e estar disposto a perdoar, a desobediência proposital e a recusa de se arrepender trouxeram, enfim, um terrível julgamento. Isso deve servir de exemplo a todos que se julgam cristãos e povo de Deus, o maior exemplo disso, é que o perdão vem, mas as consequências por nosso erros, vem tão rápido quanto o perdão.

A Igreja Romana, prega e ensina a Teologia da Substituição, ou da Reposição, alguns evangélicos também da mesma forma, dizem e afirmam que a Igreja é o novo Israel de Deus, logo, todas as profecias reservadas a Israel, se aplicam a Igreja (as boas profecias é claro), aquelas que se referem a glória e conquista. A ironia disso, é que não admitem que as profecias referentes ao castigo e julgamento imediato pelos erros, não serão atribuídas a Igreja. Ledo engano creio eu. 

  • A Redenção dos Judeus.  
Felizmente, julgamento não foi apenas o que os profetas previram para es­se povo desobediente. Apesar de sua rebelião contra Deus, Ele de­clarou que nos "últimos dias" logo antes do retorno do Messias, Jesus Cristo a quem os judeus rejeitaram e rejeitam, Ele, Deus, os traria de volta a sua própria terra de onde haviam sido espalhados por todo o mundo. E Ele faria isso não por causa do arrependi­mento ou bondade ou qualquer outro mérito dos judeus, pois eles continuariam na rebelião e na descrença até o fim.
Se temos um exemplo de punição da parte de Deus por rejeitarmos seus preceitos, temos também exemplos de fidelidade divina, quando a Bíblia nos ensina que Deus os traria de volta à terra somente para honrar Suas promessas a Abraão, Isaque e Jacó:

"Tão certo como eu vivo, diz o Senhor... [eu] vos congregarei das terras nas quais andais espalhados, com mão forte, com braço estendido e derramado furor... Far-vos-ei passar debaixo do meu cajado... separarei dentre vós os rebeldes e os que transgrediram contra mim... mas não entrarão na terra de Is­rael; e sabereis que eu sou o Senhor" (Ezequiel 20.33-38).

  • O levante da hipocrisia entre os católicos romanos

Expondo o revisionismo da militância católica


Dado a introdução acima creio estar bem certo em afirmar que quanto a questão do holocausto e seu executor, o nazismo, a culpa recai sobre o mundo inteiro. Não há beneficio em ficar levantando dados tendenciosos pra trocar acusações com intenção de desacreditar quem quer que seja. No entanto, para a militância católica, Lutero, e consequentemente o protestantismo, são os verdadeiros responsáveis quanto ao potencial genocida e anti-cristão de Hitler e seu regime nazista. A insinuação revisionista deles propõe que "o nazismo nasceu do protestantismo"(SIC). E dado este raciocínio tendencioso e hipócrita, os protestantes são os culpados pelo holocausto. 

Embora apontem "evidências" do antissemitismo de Lutero e por parte de algumas igrejas protestantes da Alemanha no período nazista, a realidade é que a participação da Igreja Romana durante o Holocausto é sem sombra de dúvidas um dos temas mais polêmicos e comprometedores da história no século 20. Some isso ao fato do antissemitismo ter infectado fortemente países católicos como a Áustria e a Polônia, juntamente com o trato hostil que os católicos mantiveram por séculos contra os judeus, e dificilmente a insinuação terá alguma validade. Inda mais quando acrescentamos situações em que Pio XII assina uma concordata com Hitler e a própria ambiguidade da hierarquia católica naquela época.

  • Omissão de fatos ou admissão de ignorância por parte dos católicos?
Fatos que os católicos não contam sobre a Igreja Romana e os Nazistas

Ainda que alguma liderança protestante tenha se vinculado ao nazismo assim como grande parte da liderança politica mundial se omitiu no inicio do regime, aqueles que tinham consciência apelaram à única autoridade que achavam que pudesse interferir. Em Min Hameitzar, o rabino Weissmandl conta como o governo civil da Eslováquia apelou ao Vaticano para que fizesse parar o envio de judeus aos campos de extermínio. O Vaticano respondeu que os judeus que se convertessem ao cristianismo (catolicismo) não deviam ser enviados, mas quanto ao resto, as famílias não deviam ser separadas nos carregamentos. Em outras palavras, mande-os a não ser que se convertam ao catolicismo, mas mande famílias inteiras juntas!

Não é preciso repetir aqui que a Igreja Católica, do Vaticano pa­ra baixo, sabia o que estava acontecendo; isso está documentado em vários lugares. Quando os judeus ainda pensavam que a expulsão significava apenas transferência, um arcebispo eslovaco retrucou: "Isso não é só expulsão... eles vão massacrar todos vocês juntos... e esse é o castigo que merecem pela morte de nosso Redentor. Vocês têm apenas uma única esperança: Convertam-se à nossa religião, e assim agirei para cancelar o decreto".

Weissmandl dá mais um exemplo horripilante de um apelo ao núncio apostólico na Es­lováquia para impedir o massacre de vidas judias inocentes. O em­baixador retrucou: "Não existe tal coisa como o sangue de crianças judias inocentes! Todo sangue judeu é culpado, e eles devem morrer. Esse é o castigo que os espera por aquele pecado."(Citado por Rabino Yoel Schwartz e Rabino Yitzschak Goldstein, SHOAH: A Jewish Perspective on tragedy in the context of the Holocaust (Mesorah Publications, Ltd., 1990), p. 161).

Portanto, longe de se levantar contra o mal de Hitler, a Igreja Católica Romana, a força espiritual dominante na Alemanha na época, o apoiou. O prelado Roth, que se tornou um oficial no Ministério Nazista de Assuntos Eclesiásticos, chamou os judeus de "uma raça moralmente inferior que deveria ser eliminada da vida pública". O Dr. Haeuser, num livro com o imprimatur da diocese de Regensburg, chamou os judeus de "a cruz da Alemanha, um povo deson­rado por Deus e sob sua própria maldição [que] leva grande parte da culpa pela Alemanha ter perdido a [Primeira] Guerra [Mun­dial]". Um pregador popular, padre Senn, chamou Hitler de "ins­trumento de Deus, chamado para superar o judaísmo". O nazismo, ele disse, proporcionou "a última grande oportunidade para lançar fora o jugo judeu". (Guenter Lewy, The Catholic Church and Nazi Germany (McGraw-Hill, 1964, pp. 272, 279))

Outro clérigo influente, padre Franjo Kralik, afirmou entusiasticamente num jornal católico de Zagreb em 1941: "O movimento [nazista] para libertar o mundo dos judeus é um mo­vimento para o renascimento da dignidade humana. O Deus Onis­ciente e Todo-Poderoso está por trás desse movimento". (Ibid., p 16)

Grupos católicos em páginas como O CaiaFarsa num revisionismo histórico particular, tendenciosamente citam o apoio que algumas igrejas protestantes "lá na Alemanha" deram ao nazismo, mas se esquecem de mencionar o fato de que muitos líderes católicos que criticavam o nazismo logo no inicio, depois de 1933, passaram não apenas a apoia-lo como também elogia-lo. Mesmo antes, já em 1925, um padre franciscano chamado Erhard Schuland escreveu um livro chamado "Katholizismus und Vaterland" (Catolicismo e Pátria) que pedia aos alemães para combater "a influência destrutiva dos judeus na religião, na moral, na literatura e na arte, e na política e vida social".

As igrejas católicas também foram responsáveis em ajudar a identificar judeus para o extermínio. Por exemplo, depois de 7 de abril de 1933, os funcionários públicos na Alemanha eram obrigados a provar que não eram judeus, e devido os nascimentos serem registrados pelo estado somente a partir de 1874, então a igreja foi chamada a prestar seus registros, pois, por meio dos quais, se saberiam quem era ou não um judeu.

Nazistas e católicos partilhavam ainda dos mesmos interesses não apenas quanto a hostilidade aos judeus mas também na intenção de derrubar o comunismo. É devido esse interesse mutuo, que o catolicismo tolerou o nazismo. A Igreja Romana ainda colaborou até o fim da guerra, com líderes católicos ajudando ex-nazistas a voltar ao poder depois da segunda guerra mundial, pois temiam que o lugar vago fosse preenchido por socialistas. Bispos católicos perceberam que eliminar todos os nazistas deixaria os comunistas e social-democratas no comando e eles concluíram que isso seria pior do que ter os nazistas no poder - e por isso eles mentiam para os Aliados sobre quem tinha sido ou não um nazista, e assim alguns nazistas que não se arrependeram foram devolvidos a posições de autoridade sobre o povo alemão, porque o clero católico deu-lhes um atestado de saúde política e ideológica.

Eventualmente, os Aliados perceberam essa duplicidade católica e decidiram não confiar na palavra dos sacerdotes sobre se alguém tinha sido ou não um nazista. Portanto o legado do catolicismo na Alemanha nazista é o de cooperação, e não a resistência, essa é a verdade que hipocritamente os militantes católicos omitem. 

Apesar de bispos católicos, por iniciativa própria, terem salvado judeus em muitos lugares, só se pode culpar a igreja pelas atrocida­des. Os concílios e alguns papas isolaram os judeus em guetos, fi­zeram com que usassem uma cor identificável ou crachá colorido (Hitler mais tarde usaria as mesmas táticas) e, de muitas outras maneiras, os isolaram e provocaram ressentimen­tos contra eles por parte dos católicos simples que viram a necessi­dade de "vingar o sangue de Cristo" matando seus assassinos.


  • O antissemitismo do catolicismo romano.

Diante de tantos fatos, a desonestidade tendenciosa e especulativa dos militantes, blogueiros e apologistas católicos em dizer que protestantes deram origem ao nazismo, cai definitivamente por terra e se volta contra eles caso ainda citem Lutero pra sustentar suas especulações, pois o que Lutero pensava, ficou apenas no papel, enquanto que o antissemitismo católico foi executado por séculos, colaborando para a dita "solução final" dos nazistas, com o holocausto. Muitos papas trataram os judeus da mesma maneira que o nazismo, confiscaram suas propriedades, inclusive os seus escritos, fecharam suas sinagogas, isolaram-os em guetos, e fizeram com que usassem um crachá de identificação.

Como a Igreja dominou a Europa por 1500 anos, uma mentalidade antissemita foi espalhada entre a população. Um autor eminente, Martim Gilbert, nos lembra em seu trabalho monumental sobre o pano de fundo histórico que tornou possível o Holocausto:

"Mesmo [no século dezenove] quando os judeus tiveram permissão de participar na vida nacional, nenhuma década passou sem que eles, em um Estado europeu ou outro, fossem acusados de matar crianças cristãs, para usar seu sangue a fim de assar o pão da pás­coa. A "difamação do sangue", vinda como veio com explosões de violência popular contra os judeus, refletia profundos preconceitos que nenhuma quantidade de modernismo ou educação liberal pareceram capazes de ultrapassar. Ódio pelos judeus, com sua história de dois mil anos, poderia surgir tanto como uma explosão espontâ­nea de instintos populares, como um instrumento propositalmente direcionado de política de bode expiatório..."
Ele ainda diz:

"As preparações para assassinato em massa foram possíveis pelas vitórias militares da Alemanha nos meses que seguiram a invasão da Polônia em 1939. Mas desde o momento que Adolf Hitler chegou ao poder em 1933, o processo devastador já tinha começado. Es­se foi um processo que dependia da excitação de ódios históricos e preconceitos antigos..."
  • A Confissão que desagradou a militância católica e seus blogueiros apologistas
Vejamos o que nos diz a Igreja Romana em seu documento Memoria e Reconciliação:

"a história das relações entre judeus e cristãos[católicos romanos] é uma história tormentosa […] Com efeito, o balanço destas relações durante os dois milénios tem sido predominantemente negativo".
"A hostilidade ou a desconfiança de inúmeros cristãos para com os hebreus ao longo dos tempos é um facto histórico doloroso"
"A Shoah[termo judeu-alemão para Holocausto]foi certamente resultado de uma ideologia pagã, como era o nazismo, animada de um cruel anti-semitismo, a qual não só desprezava a fé mas também negava a própria dignidade humana do povo hebraico."
Contudo, "deve-se perguntar se a perseguição do nazismo nos confrontos com os judeus não foi facilitada por preconceitos antijudaicos presentes nas mentes e corações de alguns cristãos[católicos romanos] Ofereceram os cristãos[católicos romanos] toda a assistência possível aos perseguidos e, em particular, aos judeus?" Sem dúvida que foram muitos os cristãos que arriscaram a vida para salvar e assistir os judeus seus conhecidos. Parece, porém, igualmente verdade que "ao lado destes corajosos homens e mulheres, a resistência espiritual e a acção concreta de outros cristãos não foi aquela que se poderia esperar de discípulos de Cristo".(46) Este facto constitui um apelo à consciência de todos os cristãos, hoje, exigindo "um acto de arrependimento (teshuva)", e tornando-se um estímulo a que redobrem os seus esforços para serem "transformados, adquirindo uma nova mentalidade" (Rm 12,2) e para manterem uma "memória moral e religiosa" da ferida infligida aos judeus. Nesta área, o muito que já foi feito poderá ser consolidado e aprofundado". (Este é o juízo do recente documento da Comissão para as relações religiosas com o judaísmo, Noi ricordiamo: una riflessione sulla Shoah, Roma (16 Marzo 1998) 3.)
Como se pode notar, os militantes católicos ignoram os fatos. Sua própria agremiação religiosa reconhece o que citei acima e o que irei expor abaixo sobre o dito "facto histórico doloroso" que na verdade são diversos fatos que comprovam a atitude antissemita da Igreja Romana por séculos, que é "uma história tormentosa" que teve um efeito "predominantemente negativo" nas relações entre judeus e católicos. Notem também que a Igreja Católica afirma que o Nazismo foi uma ideologia de origem pagã e antissemita, e que os cristãos católicos, embora muitos "arriscaram a vida para salvar e assistir os judeus seus conhecidos. Parece, porém, igualmente verdade que "ao lado destes corajosos homens e mulheres, a resistência espiritual e a acção concreta de outros cristãos não foi aquela que se poderia esperar de discípulos de Cristo".
  • Dos fatos já reconhecidos mas não mencionados
Nem precisamos re­cuar muito longe na história para conhecer os fatos. Como os rabinos Meir Zlotowitz e Nosson Scherman nos lem­bram em Shoah:

"Mesmo quando a Igreja [católica romana] realizava atividades de resgate isoladas [durante o Holocausto], os motivos parecem ter sido trazer os judeus resgatados para o cristianismo [catolicismo]. Milha­res de crianças judias foram levadas para mosteiros, e depois da guerra muitas não retornaram para seu povo e sua fé mesmo quando os parentes suplicarem pela sua libertação". (Rabino Meir Zlotowitz e Rabino Nosson Scherman,gen. eds., SHOAH, A Jewish Perspective or Tragedy in the Context of the Holocaust (Mesorah Publications, Ltd., 1990), p. 161.)
Ações atuais também confirmam o passado. Numa cerimônia no dia 6 de julho de 1994 em Viena, o Vaticano presenteou o en­tão presidente austríaco Kurt Waldheim com um título de cavalei­ro papal por "preservar os direitos humanos" durante seu mandato como Secretário-Geral da ONU de 1972 a 1981. Mas Waldheim, um oficial da inteligência militar alemã durante a Segunda Guerra Mundial, foi acusado de crimes de guerra contra judeus. OWas­hington Post relatou:
"O condecorado papal é o mesmo homem que, de acordo com um relatório do governo austríaco preparado por uma banca inde­pendente de historiadores, tinha conhecimento e não fez nada para parar as atrocidades contra judeus. Ele é o mesmo homem que o Secretário da Justiça americano proibiu de entrar nos Estados Uni­dos por causa de provas de que ele deu apoio e informações que capacitaram outros a matar, torturar e deportar pessoas para cam­pos de trabalho forçado."(Washington Post, 9 de agosto de 1994.)
Os papas da Igreja Católica foram os primeiros a desenvolver o anti-semitismo como uma ciência. Hitler, que permaneceu católico até o fim, afirmaria que só estava seguindo o exemplo tanto de ca­tólicos quanto de luteranos, terminando o que a igreja começara.(Guenter Lewy, The Catholic Church and Nazi Germany (Mc Graw-Hill, 1964) p. 274.

O anti-semitismo era uma parte do catolicismo de Martim Lutero da qual ele jamais se libertou. Ele defendeu incendiar as casas dos judeus e dar a eles a escolha entre a conversão ou ter suas línguas arrancadas.(Will Durant, The Story of Civilization, The Reformation (Simon and Schuser, 1950), Vol. IV, p. 727.

Quando, em 1870, o exército italiano libertou os ju­deus de Roma do gueto em que os papas os forçavam a viver, a sua liberdade finalmente encerrou quase 1500 anos de humilhação e degradação inimaginável nas mãos daqueles que afirmavam ser cristãos liderados pelo Vigário de Cristo.
  • No que se refere a Lutero, o que é verdade?
É preciso citar que Lutero, no início de sua carreira como reformista, manifestou uma profunda compaixão para com os judeus que era incomum na Alemanha católica de sua época, ele inclusive criticava o preconceito da Igreja Romana para com os judeus, e afirmava que o fato de os judeus não se converterem ao cristianismo, era devido os abusos do catolicismo contra o povo judeu ao longo da história. Sobre esses abusos Lutero escreveu: 

"Talvez eu consiga atrair alguns judeus para a fé cristã, pois nossos tolos, os papas, bispos, sofistas e monges... até agora os têm tratado tão mal que... se eu fosse judeu e visse esses idiotas cabeças-duras estabelecendo normas e ensinando a religião cristã, eu preferiria ser um porco a ser cristão. Pois esses homens trataram os judeus como cães, e não como seres humanos." [That Jesus Christ was born a Jew [Que Jesus Cristo Nasceu Judeu], reimpresso em Frank Ephraim Talmage, ed. Disputation and Dialogue: Readings in the Jewish-Christian Encounter (Nova York: Ktav/Anti-Defamation League of B’nai B’rith, 1975), p. 33.]
Em seus primeiros anos de rompimento com a Igreja Romana, Lutero como vimos acima, mantinha uma postura de total apoio aos judeus na Alemanha e em outras partes, nessa época, ele tinha esperança de que os perseguidos judeus pudessem se converter a fé do Cristo que eles tanto negavam. No entanto, cerca de 20 anos depois, Lutero se decepcionou ao saber que os tais judeus a quem ele havia estimado, estavam fazendo de tudo para converter os cristãos ao Judaísmo. De imediato, Lutero sentiu remorso pela sua defesa em favor do judaísmo e então, munido de um desprezo mortal pelos judeus e se sentido traído, foi que ele no fim de sua vida escreveu um tratado intitulado "Os judeus e Suas Mentiras ":
"Em primeiro lugar, suas sinagogas deveriam ser queimadas... Em segundo lugar, suas casas também deveriam ser demolidas e arrasadas... Em terceiro, seus livros de oração e Talmudes deveriam ser confiscados... Em quarto, os rabinos deveriam ser proibidos de ensinar, sob pena de morte... Em quinto lugar, os passaportes e privilégios de viagem deveriam ser absolutamente vetados aos judeus... Em sexto, eles deveriam ser proibidos de praticar a agiotagem [cobrança de juros extorsivos sobre empréstimos]... Em sétimo lugar, os judeus e judias jovens e fortes deveriam pôr a mão na debulhadeira, no machado, na enxada, na pá, na roca e no fuso para ganhar o seu pão no suor do seu rosto... Deveríamos banir os vis preguiçosos de nossa sociedade ... Portanto, fora com eles... Resumindo, caros príncipes e nobres que têm judeus em seus domínios, se este meu conselho não vos serve, encontrai solução melhor, para que vós e nós possamos nos ver livres dessa insuportável carga infernal – os judeus." (Martim Lutero: Concerning the Jews and their lies [A respeito dos judeus e suas mentiras], reimpresso em Talmage, Disputation and Dialogue, pp. 34-36.)
Certamente o que Lutero escreveu contra os judeus, com certeza é deplorável, contudo deve ser observado que tal livreto publicado por ele, não tinha como alvo o judeu enquanto raça, povo ou nação, ao invés disso, os ataques de Lutero eram direcionados ao judeu religioso, ao judeu confessional de sinagoga que, segundo Lutero, eram homens blasfemadores que não se cansavam de mentir e caluniar o nome de Cristo. 

Notei em diversos artigos que citam esse livreto, a ignorância dos que o citam quanto ao seu conteúdo. Pelo visto nunca leram o livreto mas apenas pincelaram esse trecho para atacar Lutero sem observar ao que ele aborda. Outros artigos católicos ainda citam Dennis Prager e Joseph Telushkin, em seu livro Why the Jews [Por Que os Judeus?], onde os mesmo escreveram:

"[...] os escritos posteriores de Lutero, atacando os judeus, eram tão virulentos que os nazistas os citavam freqüentemente. De fato, Julius Streicher argumentou durante sua defesa no julgamento de Nuremberg que nunca havia dito nada sobre os judeus que Martim Lutero não tivesse dito 400 anos antes."[ Dennis Prager e Joseph Telushkin: Why the Jews? The reason for anti-Semitism [Por que os Judeus: A causa do anti-semitismo] (Nova York: Simon & Shuster, 1983), p. 107.]
Só que estes dois escritores não escreveram apenas isso. Eles mencionam fartamente e de forma documental, o antissemitismo do catolicismo romano que infestou a Europa antes e depois de Lutero até se manifestar no monstruoso holocausto promovido pelos nazistas.

Católicos citam até mesmo Hitler, em sua obra "Mein Kampf" p. 213., onde ele escreve considerando Lutero como uma das três maiores figuras da Alemanha juntamente com Frederico, o Grande e Richard Wagner. Ambos eram antissemitas. As únicas diferenças é que o que Lutero colocou em teoria, Hitler colocou em prática e honestamente, assim também o fez a Igreja Romana. Há de se mencionar aqui que Hitler também menciona nesta mesma obra, um dos seus maiores triunfos, que foi unir sob uma mesma causa, tanto os católicos quanto os protestantes, e essa causa em comum era a eliminação do judeu marxista que segundo ele, almeja a dominação mundial. 

Temos notado que tudo o que é citado pelos católico para comprometer o protestantismo nesta dramática questão, muito mais compromete o catolicismo romano e cabe aqui ressaltar ainda que,  tais palavras de Lutero em "Os judeus e Suas Mentiras " foram repudiadas por Filipe Melanchthon, um amigo intimo e seu aliado. O Reformador suíço João Henrique Bullinger, também ao ver tais obras antissemitas, declarou Lutero como um pastor de porcos mais do que um pastor de almas. Inclusive o magistrado de Estrasburgo proibiu a publicação do tal livro antissemita de Lutero. Ou seja, Lutero ficou sozinho com suas ideias antissemitas. E em reconhecimento do erro grotesco do reformador, a Federação Luterana Mundial em Julho de 1983 reunida em Estocolmo, fez a seguinte declaração:

"Não podemos [...] nem aprovar nem desculpar os grosseiros escritos antijudaicos do reformador [...]. Constatamos com profundo pesar que o nome de Lutero teve que se prestar, na época do nacional-socialismo, para a justificação do antissemitismo e que seus escritos ensejam esse abuso".
Portanto, de maneira alguma se sustenta que Lutero ou o protestantismo tenha dado origem ao nazismo. Se algum sistema religioso deu condições favoráveis ao nazismo, esse sistema com certeza é o catolicismo romano.

  • Do catolicismo romano ao nazismo.
Para detonar de vez com a militância católica dissimulada, vamos citar as atitudes da Igreja Católica Romana para com os judeus e constatar que o antissemitismo nazista se inspirou na verdade foi no catolicismo romano e não em Lutero. E como diz o historiador Will Durant, o próprio antissemitismo de Lutero era uma herança do catolicismo que ele jamais se livrou. Querem citar Lutero em seu "Os judeus e suas mentiras" ?? Ora, porque não citam o Papa Pio V em sua Bula que diz:

"O povo judeu caiu das alturas por causa da sua infidelidade e condenou o seu Redentor a uma morte vergonhosa. A sua impiedade assumiu formas tais que, para a salvação do nosso próprio povo, torna-se necessário evitar a sua doença. Os judeus em todos os lugares têm sugado a propriedade dos cristãos pobres, eles são cúmplices de ladrões, e o aspecto mais prejudicial da questão é que eles seduzem os inocentes através de encantamentos mágicos, superstição e feitiçaria para a sinagoga de Satanás e se vangloriam de serem capazes de prever o futuro. Nós investigamos cuidadosamente como esta seita revoltante abusa o nome de Cristo e como eles são prejudiciais para aqueles cuja vida está ameaçada por seu engano. Por causa destes e outros assuntos sérios, e por causa da gravidade de seus crimes que aumentam dia a dia mais e mais, ordenamos que, dentro de 90 dias, todos os judeus em todo o nosso reino terrestre de justiça - em todas as cidades, distritos e lugares - devem sair dessas regiões ."
( Papa Pio V, 26 de Fevereiro de 1569. Bula Hebraeorum gens - A Raça Judaica. )
Os católicos também antes de mencionar Lutero, deveriam citar um antecessor do papa Pio V com sua Bula Cum Nimis Absurdum ("Quão completamente absurdo") de Paulo IV, 1555, que especificamente impôs para os judeus a obrigação de trazer um distintivo cinza para serem identificados, e que excluiu-os de possuir propriedade e ainda os proibiu de serem tratados por médicos cristãos. Esta bula também sancionou a construção de especiais guetos em que os judeus teriam de viver segregados, principalmente em Roma onde eram tidos como eternamente condenados a servidão. Ora, estas mesmas resoluções católicas contra os judeus, e até mesmo as justificativas que usavam, foram as mesmas que mais tarde seriam usadas pelos nazistas em seu massacre contra os judeus, quer seja por sua raça ou religião. Algo muito diferente do que Lutero defendia.

Observem na tabela abaixo, as leis antissemitas criadas pelo catolicismo e comparem com as leis mais tarde usadas pelo nazismo contra os judeus e percebam que todas elas são inspiradas nos concílios católicos.

CatolicismoNazismo
Sínodo de Elvira, em 306 - Proibição de casamentos e relações sexuais entre cristãos e judeus e proibição aos judeus de comerem junto com cristãos.
Em 15 de setembro de 1935 o nazismo fez o mesmo, criando a lei de proteção ao sangue e honra dos alemães
Sínodo de Clermont, em 535 - Exclusão dos judeus de todas as funções públicas 
7 de abril de 1933: O Nazismo fez o mesmo, criando a Lei para a restauração do serviço público profissional.
Sínodo de Orleans, em 538 - Proibição aos judeus de terem empregados cristãos.
15 de setembro de 1935: O Nazismo fez o mesmo, com sua Lei para a Proteção do Sangue Alemão e Honra Alemã.
Sínodo de Orleans, em 538 - Proibição aos judeus de aparecerem nas ruas durante a Semana Santa.
03 de dezembro de 1938: O Nazismo fez o mesmo, com um decreto que autorizava as autoridades locais proibirem os judeus de aparecem nas ruas durante certos feriados.
XII Concilio de Toledo, 681  - Destruição do Talmud e outros livros judaicos.Os nacionais-socialistas fizeram o mesmo em toda a Alemanha.
Sínodo de Trulanic 692 - Proibição aos cristãos de se tratarem com médicos judeus.
25 de julho de 1938: Cria-se um decreto nazista estabelecendo o mesmo.
Sínodo de Narbonne 1050  - Proibição a cristãos de conviverem com familias judias.
28 de dezembro de 1938: O nazismo faz o mesmo, criando a Diretiva de Goering, proibindo a concentração de judeus em casas residências arianas.
Sínodo de Szabolcs, 1092 - Proibição de trabalhar aos domingosIdem.
Terceiro Concilio de Latrão, em 1179 - O Canon 26, proibe judeus deporem contra cristãos em tribunais.
Em 9 de setembro de 1942: O nazismo faz o mesmo, com a Proposta de Chancelaria do Reich, impedindo os judeus de executarem ações civis na Justiça.
Terceiro Concílio de Latrão, em 1179 - Judeus são proibidos de receber herança de cristãos.
Em 31 de Julho de 1938: Novamente, o nazismo toda a mesma medida, criando um decreto que permite ao Ministério da Justiça substituir as vontades que ofendem o "bom senso das pessoas".
Quarto Concílio de Latrão, em 1215 - Estabelece o uso obrigatório de um símbolo a ser usado pelos judeus em sua vestimenta como marca de identificação.
Em 01 de setembro de 1941 o nazismo faz o mesmo.
Concilio de Oxford, em 1222  - Proibição de construir novas sinagogas.Idem.
Sínodo de Viena, em 1267  - Proibição a cristãos de assistirem as cerimônias judias e Proibição aos judeus de discutir doutrinas da religião cristã com cristãos do povo.
Em 24 de outubro de 1941 o nazismo faz o mesmo, proibindo aos arianos de manterem quaisquer relações amistosas com os judeus.
Sínodo de Breslau, em 1267 - Se estabelece o confinamento de judeus em Guetos obrigatórios.
Em 21 de setembro de 1939 inicia-se a Ordem de Heydrich, definindo o aprisionamento de judeus em guetos.
Sínodo do Ofen, em 1279 - Proibição aos cristãos de venderem ou alugarem bens imobiliários a judeus.Idem.
Sínodo de Lavour, em 1368  Proibição de vender ou transferir aos judeus objetos pertencentes à Igreja.Proibição de vender ou transferir aos judeus objetos pertencentes ao estado nazista.
Concílio de Basiléia, em 1434  -  Proibição a judeus de agirem como intermediários em transações comerciais, imobiliárias ou contratos de casamentos.Idem.
Concílio de Basileia, em 1434 - Proibição de dar títulos acadêmicos a judeus.
Em 25 de Abril de 1933 o mesmo faz o nazismo, retirando os judeus de todas as escolas e universidades.
Fonte: Raul Hillberg, A destruição dos judeus da Europa.

Porque a romanizada não cita também os ditos pais da Igreja que eram antissemitas, como por exemplo: 
  • Justino, o Mártir, que em 160d.C condenou os judeus como "filhos de meretrizes".(O Diálogo com Trifão),
  • Tertuliano que em 200d.C escreveu o primeiro manifesto cristão sistemático contra os judeus.(Contra os judeus.) 
  • Cipriano, em 250d.C, escreveu: "O diabo é o pai dos judeus".
  • João Crisóstomo, em 387d.C disse, por exemplo, que a sinagoga era "lugar de blasfêmia, asilo do diabo e castelo de Satanás".
Em 415, o ilustre bispo Agostinho de Hipona escreveu: "A verdadeira imagem dos Hebreus é a de Judas Iscariotes, que vendeu o Senhor por prata. Os Judeus nunca poderão entender as Escrituras e para sempre carregarão a culpa pela morte de Jesus." Em decorrência, o monge Barzauma instigou uma perseguição aos judeus em Israel, quando inúmeras sinagogas foram destruídas. 

Em 1021 Roma foi sacudida por um terremoto na Sexta-Feira da Paixão. Em conseqüência, judeus foram presos e acusados de terem furado uma hóstia com um prego. Eles foram torturados e queimados na fogueira. Em Paris, no ano de 1240, foram queimados publicamente por monges dominicanos todos os exemplares disponíveis do Talmude. Essa foi a primeira queima oficial de escritos judaicos pela igreja católica. Em 1348 a "peste negra" (peste bubônica) se alastrava pela Europa, dizimando um terço da população. Os judeus foram acusados de envenenar as fontes de água, causando a epidemia. 

O papa Clemente VI expediu uma bula em que declarava todos os judeus inocentes dessa acusação, mas não foi possível impedir que, em quase todas as localidades nas quais havia uma comunidade judaica, irrompessem "pogroms" matando inúmeros judeus. Em 1401 foram queimados vivos 48 judeus em Schaffhausen (Suíça). Em 1431 o Concílio de Basiléia determinou que os judeus tinham de viver separados dos cristãos. Desse modo surgiram em muitas cidades os bairros judeus, mais tarde chamados de "guetos".

Precisa-se dizer mais?? 
Creio que isso já basta para dar um fim nessa papagaiada católica de que Lutero ou os protestantes deram origem ao nazismo. Hipocrisia e a tremenda cara de pau, em acusar os outros daquilo que foi cometido pelo próprio catolicismo, é no que resume tais acusações contra nós.




Att: Elisson Freire






Referências bibliográficas
- Will Durant, História das Civilizações
- Dave Hunt, Jerusalém, um Cálice de tontear
- Cesar Vidal, Protestante Digital
- Paul Johnson - História dos Judeus

_______________________________________________

Nota: Um pedante apologista católico conhecido como Fernando Nascimento, intentou de forma fracassada refutar este artigo, e ele devidamente refutado neste outro artigo: (clique aqui).

Mais tarde o falacioso apologista católico foi definitivamente refutado e desmascarado neste outro artigo:
Mentira católica forjada para caluniar o protestantismo é refutada por suas próprias fontes históricas




Elisson Freire
Licenciado e Pós-graduado em História. Bacharelando em Teologia. Cristão de tradição batista e acadêmico em apologética cristã...
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