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O Sola Scriptura no Catecismo da Igreja Católica Romana

"O Catecismo afirma: A Escritura contém tudo e somente aquilo que Deus quis que nela estivesse e que é necessário a nossa salvação!"

Catecismo
Símbolo do Catecismo Romano

O princípio de que somente a Escritura Sagrada deve nos servir de base e guia nas questões de fé, moral e doutrina, tem sido o principal alvo de ataque por parte dos apologistas católicos. Em suas objeções é comum nos depararmos com alegações do tipo: "Sola Scriptura é coisa do diabo. É heresia demoníaca afirmar que tudo o que o cristão deve seguir em matéria de fé, prática, moral e doutrina da parte de Deus, esteja apenas e SOMENTE NAS ESCRITURAS."

Contudo, o Catecismo da Igreja Católica Romana, que é uma exposição da fé católica e da doutrina da Igreja Romana, cujo os membros desta o consideram como "fiel e iluminado pela Sagrada Escritura, pela Tradição apostólica e pelo Magistério da Igreja", assim se expressa a respeito do caráter, uso e conteúdo das Sagradas Escrituras:

Deus é o autor da Sagrada Escritura. «A verdade divinamente revelada, que os livros da Sagrada Escritura contêm e apresentam, foi registrada neles sob a inspiração do Espírito Santo».
«Com efeito, a santa Mãe Igreja, segundo a fé apostólica, considera como sagrados e canônicos os livros completos do Antigo e do Novo Testamento com todas as suas partes, porque, escritos por inspiração do Espírito Santo, têm Deus por autor, e como tais foram confiados à própria Igreja»
Deus inspirou os autores humanos dos livros sagrados. «Para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens, na posse das suas faculdades e capacidades, para que, agindo Ele neles e por eles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele queria»
Os livros inspirados ensinam a verdade. «E assim como tudo o que os autores inspirados ou hagiógrafos afirmam, deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, por isso mesmo se deve acreditar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro, a verdade que Deus quis que fosse consignada nas sagradas Letras em ordem à nossa salvação»
[Fonte: Catecismo da Igreja Católica - parágrafos 105 a 107.]

O que o Catecismo afirma sobre as Escrituras é que elas:


  • Tem Deus por autor;
  • São a verdade divinamente revelada;
  • Foram registradas sob a inspiração do Espírito Santo;
  • Foram confiadas à Igreja;
  • Contém TUDO AQUILO e SOMENTE AQUILO que Deus determinou;
  • Ensinam a verdade;
  • Tudo o que ela afirma deve ser tido como afirmado pelo próprio Espírito Santo;
  • Elas ensinam com certeza, fidelidade e infalibilidade (sem erros), a verdade que Deus quis nos transmitir em ordem à nossa salvação.

Estas coisas afirmadas pela própria Igreja Romana com respeito as Escrituras, são exatamente aquilo que nós afirmamos e defendemos sobre o princípio do Sola Scritura. Desde que entendemos que as Escrituras são tudo isso dentre outras coisas igualmente significantes, podemos concluir ser inadmissível que algo ou alguém possa servir-nos melhor como guia e base de fé, doutrina e pratica em ordem a nossa salvação.

Ainda que em seu catecismo a igreja romana afirme que se é necessário se submeter ao seu Magistério e a sua Tradição, seria contraditório seguir tais coisas dando-lhes a mesma estima, prestígio e dever que se é logicamente admitido prestar a Escritura, uma vez que Magistério e Tradição não se mostram real e devidamente gozando das mesmas prerrogativas que as Escrituras.

Para se excluir o fato de que as Escrituras não são suficientes e não devem ser tomadas como unica regra de fé, doutrina e prática, deve-se se buscar outra alternativa que seja no mínimo de igual autoridade, conteúdo, uso e caráter. Mas isso é algo que não podemos encontrar no Magistério e muito menos na Tradição. Tradição e Magistério, são mutantes, não provaram ao longo da história ter o aval de certeza, fidelidade, infalibilidade e determinação absoluta daquilo e tudo aquilo que Deus quis nos transmitir.

Ora, podemos ver que o Catecismo reconhece que a Bíblia é TUDO E SOMENTE AQUILO o que Deus queria nos registrar à nossa salvação. POIS É EXATAMENTE ISTO QUE O SOLA SCRIPTURA AFIRMA.

Tudo o que é necessário sabermos e seguirmos em matéria de fé, doutrina, pratica cristã e moral, DEUS QUIS QUE ASSIM FOSSE por meio UNICAMENTE E SOBERANAMENTE DAS ESCRITURAS, pois elas e apenas elas nos "ensinam com certeza, fidelidade e sem erro".

Poderiam os católicos afirmar o mesmo a respeito da Tradição e Magistério em detrimento do Sola Scriptura sem contradizer seu Catecismo? Podem os católicos demonstrar que ao longo dos séculos a Tradição e o Magistério se mostrou como sendo algo que confirme unicamente aquilo exposto na Escritura, sendo elas a expressão de TUDO AQUILO E SOMENTE AQUILO que Deus quis nos transmitir em ordem a nossa salvação? A própria tentativa de limitar a autoridade da suficiência das Escrituras em seu catecismo, demonstra a incoerência e contradição da Igreja Romana ao afirmar que ainda que as Escrituras sejam tudo isso, você precisa da Tradição e do Magistério para o guiar nas coisas que ela mesma afirma que apenas as Escrituras tem competência para fazer. Conseguem perceber isso? Como podem lidar com isso honestamente e ao mesmo tempo repudiar o princípio de Sola Scriptura?

Antes que o católico leitor deste artigo raciocine sobre o que responder, preste atenção agora em alguns detalhes importantes sobre o princípio do Sola Scriptura que passo a expor abaixo de acordo com o que sempre foi proposto pela Reforma Protestante.

O Sola Scriptura não afirma que somos o povo de um livro, mas, que, se quisermos ser o povo de Cristo, o verbo vivo, temos de nos submeter ao verbo escrito que é a sua PALAVRA pois é nela que DEUS QUIS registrar TUDO E SOMENTE AQUILO que ELE QUIS que fosse consignado a nossa salvação.

O Sola Scriptura não nega que devamos nos submeter a outras autoridades ou que devamos nos ater a certas tradições, mas, que, tais autoridades e tais tradições, se não estiverem corroboradas PELA ESCRITURA, ou se conflitarem com o que nela está exposto, então, não devemos nos submeter a estas especificas autoridades e supostas tradições, POIS ELAS VIOLAM aquilo que DEUS QUIS que estivesse na ESCRITURA pois ela é TUDO E SOMENTE AQUILO que ele QUIS consignar com certeza, fidelidade e sem erros.

Portanto, admitindo que o Espirito Santo é quem fala por meio e na Escritura, é inadmissível que ele nos TRANSMITA algo diferente ou conflitante com o que nela foi registrado. A igreja deve portanto confirmar a ESCRITURA sempre submetendo a ELA tudo o que disser, toda a sua tradição e toda a sua autoridade, pois ela é a VERDADE sem erro a qual a Igreja foi chamada a ser coluna e sustentáculo. Ou seja, ela deve ser responsável por manter intocada, ao longo do tempo, a mensagem do Evangelho, a verdade das Escrituras, a doutrina apostólica.

Tradições, autoridades e doutrinas que conflitem com a mensagem do Evangelho, a verdade das Escrituras e a doutrina apostólica devem ser repudiados, NISSO SE RESUME A FINALIDADE DO SOLA SCRIPT URA enquanto lema de que A Escritura contém TUDO E SOMENTE AQUILO que DEUS QUIS QUE NELA ESTIVESSE e que é NECESSÁRIO A NOSSA SALVAÇÃO.

De acordo com isso, em outras palavras, Sola Scriptura significa que a única regra de fé e prática para os cristãos são as Escrituras Sagradas do Antigo e do Novo Testamento, pela simples razão de que elas, e somente elas, são inspiradas por Deus. A tradição oral, os pronunciamentos dos concílios e líderes religiosos e as opiniões de teólogos não são. Tais coisas como Tradição, Catecismos, Concílios, pregações e magistérios, podem até ser úteis em nossa compreensão das Escrituras e da nossa história, bem como nas aplicações de seus princípios às questões de nossos dias, mas isso, apenas quando não contradizem as Escrituras. Contudo, nenhuma destas coisas é a base e o fundamento para nossa fé e práticas. Sola Scriptura significa que podemos sim aceitar uma tradição oral desde que se possa demonstrar que ela tem origem no ensino dos apóstolos. Da mesma forma, podemos até aceitar os ensinos dos Pais da Igreja, desde que comprovadamente estejam de acordo com os escritos do Novo Testamento.

Diante disto o católico pergunta, "e onde está o Sola Scriptura na Bíblia?". A resposta para essa pergunta se obtêm no momento que o cristão entende e compreende o que o Sola Scriptura afirma, e esse princípio afirma exatamente o que as Escrituras afirmam sobre elas mesmas:

"...a Escritura não pode falhar” (Jo 10.35).

“Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15.4).

“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4.12).

“Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” 
(Jo 5.24).

Pode o católico honestamente afirmar o mesmo com relação ao Magistério e a Tradição da Igreja Romana sem apelar a Escritura que ele julga não ser suficiente para isso? Ao tentar responder a si mesmo, chegará a uma conclusão final e irrefutável, SOLA SCRIPTURA!

Att: Elisson Freire
Elisson Freire
Licenciado e Pós-graduado em História. Bacharelando em Teologia. Cristão de tradição batista e acadêmico em apologética cristã...
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