É possível ser cristão sem ir à igreja?

Ser membro de uma igreja não define o que é ser cristão, mas é uma necessidade! E rejeitar algo necessário a vida cristã, não é ser nada cristão.
Cristãos

É possível ser cristão sem ir à igreja?

Ser cristão significa essencialmente seguir a Cristo. Eu realmente preciso ir à igreja para fazer isso?

Ser membro de uma igreja não define o que é ser cristão, mas é uma necessidade!

A comunhão com Deus e com outros cristãos deve ser sempre exercitada e incentivada, mesmo fora das paredes de uma igreja local, desde que não se descarte a necessidade e eficácia destas. De forma trivial, há exceções, casos onde se pode até ser um cristão no sentido nominal do termo mas jamais de forma a realmente validar uma conduta de individualidade como se tal exemplo servisse como modelo e regra do que é ser um cristão de fato. E para um cristão de fato, a menos que não haja uma igreja congregacional organizada (e existem várias delas) sua conduta pode ser justificada. Afinal, você poderia ficar preso sozinho em uma ilha deserta pelo resto de sua vida ou, confinado em uma prisão solitária onde você nunca teria comunhão com outros cristãos, muito menos frequentaria uma igreja, seria privado de exercitar sua comunhão e expressar sua fé publicamente, mas certamente seria um cristão e membro do povo de Deus. 

Contudo os exemplos acima que poderiam justificar a um cristão que não frequenta uma igreja, são casos extremos de individualidade forçada, porém a Escritura jamais exalta a individualidade forçada ou auto imposta como proposta de vida cristã e o Novo Testamento simplesmente não tem a concepção de um “cristão solitário independente”. A "independência" no cristianismo não é uma virtude, mas um desvio de conduta. A vida congregacional, comunitária, forma o Corpo de Cristo, isto é, estamos ligados interdependentemente como cristãos.



O ser cristão


Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros.
João 13: 34-35

Um cristão é um membro de uma família - o que nos torna cristãos é a adoção por Deus (por exemplo, Romanos 8: 9, 14-17 ) - e as famílias se amam. Este é o “novo mandamento”: que assim como Jesus nos amou, devemos amar uns aos outros. “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: que amais uns aos outros”. ( João 13: 34-35 ). Assim sendo, um "desigrejado", um "cristão independente" que não frequenta uma igreja por motivos individuais pode razoavelmente alegar que ama outros cristãos sendo que se recusa a se reunir com eles para adorar o Deus que deu essa ordem? E sendo o amor, o “vínculo perfeito de unidade” ( Colossenses 3:14 ), logo, a recusa a ter unidade naquilo que define o cristianismo confessional, descaracteriza aqueles que se dizem cristãos mas evitam tal comunhão necessária e eficaz ao Corpo de Cristo.

Considere também Hebreus 10: 19-27, onde o autor, ao concluir sua discussão, deixa claro como os membros do corpo de Cristo, os cristãos devem ser:

Guardemos firmemente a esperança da fé que professamos, pois aquele que prometeu é fiel. Pensemos uns nos outros a fim de ajudarmos todos a terem mais amor e a fazerem o bem. Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos mutuamente, e tanto mais à medida que se aproxima o Dia.
Hebreus 10: 23-25

A carta aos Hebreus no capítulo 10 está enfatizando que os cristãos devem se aproximar de Deus corporativamente em uma base regular e continua; contextualmente, isso se refere às reuniões ágape, que hoje chamaríamos de ceia do Senhor na igreja e é impossível, na mente do autor, guardar firmemente a fé e vir diante de Deus corretamente, sem a comunhão com outros cristãos nestas reuniões. Não podemos ser estimulados ao amor e às boas obras sem a contribuição de nossos irmãos e irmãs. O amor não é uma atividade solitária, e não podemos afirmar que amamos a Deus se não amamos Sua família (cf. 1 João 4: 20-21).

No versículo 26, o autor faz uma afirmação verdadeiramente terrível. Se continuarmos pecando depois de receber o conhecimento da verdade - o conhecimento, nesta passagem em particular, de que não devemos negligenciar nos aproximar de Deus, encontrando-se com sua família para incitar uns aos outros ao amor e às boas obras - não resta perdão pelos pecados, mas sim a terrível expectativa de julgamento! Este não é um assunto inútil; é uma questão de salvação em si. Reunir-se não é uma sugestão; é uma ordem, e se nos recusarmos a ter comunhão com outros crentes, estaremos prestes a ser pisoteados no lagar da fúria de Deus.

Desencaixado não justifica ser desigrejado

Falando francamente, muitos de nós nos sentimos inadequados ou desencaixados em nossas igrejas. Eu particularmente me encaixo em minha igreja como uma cebola em um saco de maçãs. É assim que me encaixo com todos na verdade mas isso nunca me levou a ser alguém que se cansou da igreja como um desigrejado que acha que pode viver o Evangelho sem a Igreja como instituição. Claro que a Igreja em si não é uma instituição de 4 paredes, igreja somos nós, mas é a instituição do nós, quem dá à Igreja os elementos fundamentais para a sobrevivência dela aqui nesta terra e isso porque o Evangelho não funciona no EU SOZINHO. O Evangelho só funciona no NÓS!

Portanto, a principal preocupação ao ir à igreja não é, "como outros cristãos podem me servir?" ou "como a igreja deve me servir". Não fui ordenado nas Escrituras a encontrar maneiras de meus irmãos e irmãs me incluírem, aceitarem, me encorajarem ou me incitarem para permanecer junto a eles; Recebo a ordem de incitá-los ao amor e às boas obras. Portanto, minha principal preocupação é: "como posso servir minha própria família conduzindo-os diante de Deus, e como posso servir minha família da igreja estimulando-os ao amor e às boas obras?"

No nível mais básico, a resposta para “Eu não me encaixo” é: e daí? Perde o alvo porque não é sobre você. Não se conforme com a mentalidade de egoísmo individualista ocidental, mas seja transformado pela renovação de sua mente, apresentando-se como um sacrifício vivo que é santo e agradável a Deus. Procure maneiras reais de se oferecer proativamente a serviço dos outros. Não há muitas pessoas que fazem isso, então as chances são de que, se você oferecer, haverá interesse e apreciação genuínos. E quem se importa se é uma tarefa servil; consegues fazê-lo? Então faça. Muitas das tarefas importantes para o bom funcionamento de uma igreja são simples e não reconhecidas, mas ainda precisam ser realizadas, e oferecer-se para realizá-las será uma boa maneira bíblica de encontrar um lugar ali. Garanto que isso é melhor do que sair praguejando a comunhão e proselitar contra "o sistema". 
Um verdadeiro cristão se satisfaz, se completa e se encaixa quando de coração se dispõe as tarefas mais simples e servis de uma igreja. A altivez e a soberba em buscar reconhecimento infectou a muitos e a queda de quem a tal se entrega é evidente quando se recusa a comunhão e ao serviço. Não foram poucas as vezes em que os mais ávidos a ocupar um púlpito e se destacar por seus talentos, sempre são os mesmos a evitarem ou se esquivarem quando o serviço lhes salta a vista e seus frutos já são por todos conhecidos. Não deixemos que esse tipo de gente influencie nossa conduta cristã, antes, cumpramos o que nos foi ordenado: incitá-los ao amor e às boas obras.

Conclusão


Embora a ênfase na avaliação de uma igreja não deva ser em como ela pode servi-lo, mas em como você pode servi-la, no entanto, um clube social com verniz religioso não irá incitá-lo a amar e ter boas obras, nem plantar ou regar as sementes da palavra. As chances são de que você nem mesmo está sendo alimentado espiritualmente. Então, se sua igreja não mantém o ensino expositivo bíblico e cristocentrico do evangelho, é hora de mudar;  Você necessariamente deve ir à igreja, mas uma genuína; não um clubinho onde eles fazem de conta que são cristãos. 

Agora, eu me oponho a pular de igreja, porque a lealdade familiar é altamente valorizada na Bíblia, e as igrejas são famílias. Mas não se deve ter lealdade a uma igreja falsa, uma igreja apóstata, ou mesmo a uma igreja muito fraca e doente que está disposta a evitar dizer às pessoas a verdade a fim de obter meros expectadores nos assentos. Se esse é o tipo de igreja em que você está, então você deve se mudar, para o seu bem e para o bem de sua família. E de forma alguma considere ser um desigrejado, afinal, rejeitar algo necessário a vida cristã, não é ser nada cristão.

Att: Elisson Freire


Licenciado e Pós-graduado em História. Bacharelando em Teologia. Cristão de tradição batista e acadêmico em apologética cristã...
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